Maeve Jinkings e Lorena Lima estão se preparando para trazer uma nova visão ao relacionamento entre Cecília e Laís, casal que marcou a novela *Vale Tudo*, um dos maiores sucessos da TV brasileira dos anos 80. No remake, as duas atrizes reviverão os personagens originalmente interpretados por Lala Deheinzelin e Cristina Prochaska, trazendo de volta à tela um romance que, na época, já era ousado e inovador. Cecília e Laís eram retratadas como um casal que dividia uma vida há mais de uma década, administrando juntas uma pousada em Búzios, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro. Apesar do amor e da parceria entre elas, o relacionamento enfrentava uma dura realidade de preconceito e rejeição familiar, especialmente de Marco Aurélio, irmão de Cecília, interpretado por Reginaldo Faria.

Após um acidente fatal que tirou a vida de Cecília, Laís teve que lidar com a dor da perda e ainda enfrentar uma disputa judicial pelos bens deixados pela companheira, enquanto Marco Aurélio tentava invalidar o relacionamento delas, recusando-se a aceitar Laís como parte da família. Na versão original, transmitida em meio ao regime da Ditadura Militar no Brasil, a abordagem de temas como o preconceito e as dificuldades enfrentadas por casais LGBTQIA+ era limitada.

Algumas cenas sensíveis foram cortadas ou suavizadas para evitar censura, incluindo uma em que Cecília e Laís falavam abertamente sobre o preconceito que enfrentavam como um casal de mulheres. Apesar das restrições, *Vale Tudo* conseguiu abrir algumas portas e iniciou conversas importantes sobre a representatividade LGBTQIA+ na mídia, mesmo que de forma sutil e restrita. Agora, com o remake, a novela promete explorar essas questões com mais liberdade e profundidade, destacando a luta das personagens contra o preconceito e o desafio de viver uma história de amor em uma sociedade que ainda resiste à aceitação plena de casais homoafetivos.

Entretanto, a novidade gerou controvérsia nas redes sociais, dividindo opiniões. Alguns internautas expressaram descontentamento com a representação de casais lésbicos em novelas, argumentando que as produções atuais da emissora têm perdido o “romantismo tradicional” que dominava as novelas de antigamente. Comentários como “Nunca mais as novelas da Globo serão como antes” e “Antigamente nas novelas, as mocinhas sonhavam em dar beijos no mocinho” refletem a visão de uma parcela do público que prefere narrativas mais tradicionais e menos inclusivas.

No entanto, muitos também enxergam essa nova abordagem como um avanço necessário e importante, ressaltando que a inclusão e a representatividade ampliam o alcance e o impacto das novelas na sociedade. O remake de *Vale Tudo*, ao explorar a complexidade do amor entre Cecília e Laís em uma época atual, reafirma o compromisso da televisão em representar a diversidade de histórias e vozes que compõem o público. A trama trará uma perspectiva contemporânea sobre a luta contra o preconceito e o direito de viver o amor livremente, independentemente de gênero ou orientação sexual, oferecendo uma narrativa que busca dialogar com o público de hoje, em uma era onde a representatividade é mais valorizada do que nunca.