No primeiro episódio de *50 & Uns*, Angélica recebeu Ney Matogrosso, Paulo Vieira e Xamã para um debate profundo sobre a relação com o corpo e os desafios que cada um enfrentou ao longo da vida em lidar com as expectativas e julgamentos externos. A discussão, transmitida nesta terça-feira (12) no GNT e disponível no Globoplay, trouxe à tona memórias e experiências pessoais, especialmente para Xamã, que relembrou as críticas que sofreu no início da carreira, principalmente devido à sua aparência. Quando começou a divulgar suas músicas nas redes sociais, a exposição atraiu tanto elogios quanto comentários negativos, particularmente sobre seu nariz, rosto e corpo.
Ele contou que, mesmo em momentos de confiança, as críticas constantes podem fazer com que uma pessoa veja defeitos onde não existem, e é fácil se perder tentando se adequar aos padrões para obter aprovação externa. “Tem horas que você fica confuso com o feedback. A gente gosta de receber elogio, mas isso passa por uma linha invisível do que você tem e do que precisa para se enquadrar num padrão”, disse ele no programa, refletindo sobre como, em busca de aceitação, é comum se afastar da própria essência.
Agora, aos 35 anos, Xamã vê seu corpo com uma aceitação que não tinha no início da carreira. Em conversa com o gshow, ele explicou que com a idade vem a percepção de que o corpo muda naturalmente e que se preocupar em ter uma aparência “instagramável” já não faz mais parte de suas prioridades. “Nunca foi minha preocupação correr atrás do corpo, porque é difícil se empenhar em ter aquele corpo. Às vezes, não é o corpo que você quer, e sim o que te faz bem”, comentou, revelando que sua autoestima é o que determina como ele se sente em relação à própria imagem. Em vez de se fixar em um padrão estético, Xamã escolhe olhar para o espelho e aceitar a imagem refletida, independentemente das variações diárias.
Além disso, o artista comentou sobre as barreiras que precisou romper ao longo da trajetória artística. Desde o início de sua carreira, Xamã usava maquiagem, esmalte e até saias, escolhas visuais que, na época, chocavam os mais conservadores. As críticas que recebeu eram frequentemente impregnadas de machismo e preconceitos que questionavam sua expressão de gênero e estética, o que ele lamenta, mas hoje vê como uma oportunidade de abrir mentes e desafiar estereótipos. Segundo Xamã, é preciso tempo e experiência para entender que muitos comentários homofóbicos e misóginos vêm de crenças enraizadas, que são reproduzidas quase automaticamente desde a adolescência. “É um pensamento que vai entrando na cabeça desde o colégio. Com o tempo, a gente vai mudando e educando as pessoas”, afirmou ele, destacando o valor da educação e do diálogo para desconstruir essas ideias ultrapassadas. Hoje, Xamã se sente mais seguro ao romper padrões, acreditando que seu estilo ajudou não só a fortalecer sua própria identidade, mas também a inspirar outras pessoas a expressarem suas individualidades, desafiando rótulos e preconceitos.